Capítulo IV - Brahma

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  — Shiva é o seu pai? — Iberê perguntou curioso.

— Sim. E sua função primordial é destruir o universo.

— Então você nos chamou para impedi-lo? — Concluiu Bella.

— Em teoria eu não chamei vocês. Vocês se ofereceram, mas missão é deterem Brahma.

— Estou confuso — Dante interrompeu — Brahma pra mim é só uma marca de cerveja.

— Humanos — Ganesha bufou. — Brahma é o deus da criação.

— E por que raios temos que atrapalhar? Deixa criar o que quiser — Esbravejou Scarlet.

— Lá no seu mundo vocês interrompem as pessoas o tempo todo?

— Na verdade sim — Renan tentou falar, mas Ganesha ergueu um dos braços fazendo a boca do rapaz desaparecer repentinamente.

— E pelo jeito não compreendem o significado de uma retórica, mas enfim, Brahma deveria estar dormindo e só criar um novo universo quando este aqui estiver condenado. Mas, por motivos ainda por mim desconhecidos, ele acordou e está iniciando a sua obra.

Todos prestavam atenção. Renan ganhou sua boca de volta.

— Só deve existir um único universo, então, ao passo que Brahma avançar em sua criação, o universo de vocês deixará de existir.

Iberê ergueu a mão como um aluno numa sala de aula, mas Ganesha o ignorou e prosseguiu:

— E vocês devem cumprir essa tarefa, já que eu não posso mexer com forças dessa grandeza.

— E nós somos capazes? — Diana mostrou-se incrédula.

— Assim como ninguém acredita que posso me equilibrar sobre aquele singelo ratinho ali, Brahma não dará importância a seis simples humanos.

— Você quer que a gente chegue lá na miúda e mate o tal Brahma?

— Ha ha ha! Vocês humanos me divertem. Acham que podem tirar a vida de um Deus? Vocês vão apenas me ajudar a fazê-lo voltar a dormir, como deveria ser. Agora deixem-me explicar sobre os seus avatares...

Ganesha abriu o pergaminho que fizera aparecer minutos antes e começou a ler:

— Dante: Eu te dou o dom da música.

E sobre a cabeça do rapaz, fez-se uma boina. Em suas mãos surgiu um graveto.

— Virei um mago?

— Música, meu amigo, Música! — Ganesha gritou.

E o graveto se transformou em um bandolim. Mesmo sem nunca ter tocado na vida, Dante começou a dedilhar o instrumento fazendo surgir uma melodia encantadora.

— Diana: Eu te dou o dom da transmutação.

E a mulher permaneceu a mesma. A pele parda, o cabelo curto, a baixa estatura. A única diferença foram duas faixas negras surgidas em seus olhos, ligando-os ao encontro entre orelha e cabeça. Ela vestia diferentes tons de amarelo. Era como uma cota de malha que a protegia dos pés à cabeça.

— O que é uma transmutação? — Olhava para os outros em busca de esclarecimento.

— Pense em um animal. Qualquer um que exista no seu mundo.

E Diana pensou num cachorrinho, transformando-se imediatamente nele. Um cão amarronzado, mas que tinhas as mesmas marcas nos olhos.

Bella: Eu te dou o dom da descoberta.

A mulher ainda não se sentia muito bem utilizando a túnica e a capa esverdeada. Sentia-se como uma personagem do folclore celta. Em suas mãos surgiu uma sacola de pano, aparentemente vazia.

— Um saco vazio? Eu vou ser a carregadora do grupo?

— Você descobrirá, minha druida querida. Você descobrirá.

— Renan: Eu te dou o dom da sabedoria.

O rapaz estava já bem diferente em relação a seu verdadeiro eu. Era agora um elfo com orelhas pontudas, barba marrom e cheia, longos cabelos com duas tranças caindo-lhe sobre a fronte. Parecia realmente muito mais sábio. Ganesha entregou a ele o pergaminho.

— Scarlet: eu te dou o dom da vida.

A loira de olhos esverdeados trajava uma espécie de conjunto vermelho escuro que cobria todo o seu corpo, inclusive com luvas e botas. Ela não quis saber o que o dom da vida significava e ficou apenas a olhar a transformação do antigo marido.

— Iberê: Eu te dou o dom da conjuração.

O rapaz era o menos vestido entre todos. Trajava apenas uma bermuda de corte simples em um tom cáqui. Braços, pernas, peito e até o rosto estavam tatuados de forma semelhante ao que conhecemos como tribal, embora em tons alaranjados. Pulsos e tornozelos abrigavam argolas, assim como as orelhas e o nariz. Cabelos quase brancos e encaracolados deixavam-no ainda mais extravagante.

Ele juntou as palmas das mãos e sentiu a temperatura subindo. Entre elas, chamas azuladas surgiram e todos entenderam de pronto porque Ganesha o chamara de conjurador.

Antes que pudessem fazer novas perguntas, o Deus subiu em seu rato e desapareceu.


E com isso atualizamos o quarto capítulo dessa aventura mística.

Não se esqueça de comentar, afinal é o seu comentário que me guiará na construção de uma estória ainda melhor.

Regidos Por Ganesha (em reformulação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora