EL DIEZ
Proposta
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Lauren Jauregui
Respiração ofegante, o suor tomava conta do meu corpo, minha visão começando a ficar turva, passei as costas da minha mão direita na minha testa limpando o suor que escorria. Encarei a latina em minha frente com aquele maldito uniforme preto e vermelho que eu tanto odiava. Ela veio em minha direção com tudo, olhei para baixo vendo a bola em seus pés correndo pelo gramado perfeitamente tratado do maior estádio do Brasil.Voltei a encara a mulher que vinha em minha direção e depois a bola que já não estava tão próxima dos seus pés, estava praticamente entre nos duas, dei um pequeno pique em direção a ela, era certo de tê-la em meu domínio, se não fosse essa maldita jogadora a minha frente, que conseguiu dar um toque para o lado me tirando totalmente da jogada.
Fechei os olhos sentindo o peso em minhas costas, meu corpo ficando cada vez mais febril, fechei minhas mãos em punho e não tive nem coragem de olhar para trás para ver o que aconteceria.
Só acordei de meu devaneio quando senti alguém me empurrar pelos ombros, me fazendo abrir os olhos e encarar a loira com o cabelo todo bagunçado preso em um rabo de cavalo.
- Caralho, Lauren, vai deixar a Camila passar por você quantas vezes?
- Foi mal! - Olhei para o lado vendo a latina passar por mim com um sorriso nos lábios.
- Foi mal o cacete, presta atenção no jogo, sua sorte é que ela não fez o gol. Se liga cacete, tomar gol do Flamengo dentro do maracanã acaba com a gente, então abre teu olho, capitã!
Me limitei dizer qualquer coisa para Dinah, apenas assenti com a cabeça. Eu sabia qual era a pressão de um Fla x Flu, ainda mais com o maracanã lotado, a última coisa que eu queria era ouvir milhares de torcedores doentes por esse time gritando por um gol que foi feito em cima de uma falha minha.
Eu jogava bem, tinha controle com o meu time, mas era só ter que jogar contra essa atacante que eu perdia totalmente o controle de tudo, sempre foi assim, e parece que nem os anos de amadurecimento me fizeram evoluir.
5 ANOS ATRÁS
Fechei os olhos esperando por um grito diferente de todos que estavam na arquibancada da quadra do colégio, um grito que sempre vinha quando eu fazia uma merda, um grito da minha melhor amiga.
- Puta que pariu, Lauren! Vai deixar a Camila passar quantas vezes por você e marcar a merda do gol? Não estou acreditando que vamos perder de novo para essas pirralhas.
- Merda, Verônica! Eu não consegui, Okay? E elas tem quase a nossa idade, nos temos 15 e Camila 14, esqueceu?
- Foda-se, elas são de uma turma a menos que a nossa e eu não aceito perder para elas mais um ano. Abre seus olhos e joga direito.
Verônica foi para o meio da quadra se aproximando da bola, junto com uma outra menina da nossa sala, desviei meu olhar da bola para a minha adversária que tanto em assombrava e ela tinha um maldito sorriso no rosto.
Neguei com a cabeça tentando me concentrar e voltei a olhar para a bola, assim que escutei o apito vindo de nosso professor de educação física, que agora era apenas o Juíz dos jogos do colégio.
Verônica rolou a bola para Lucy, que tocou rapidamente para mim, uma loira que eu já tinha visto algumas vezes no colégio veio para cima, passei rapidamente a bola para a goleira que voltou para mim, toquei para Lucy que tentou reverter o lado com Verônica, mas infelizmente uma menina do oitavo ano conseguiu a posse da bola, tocando rapidamente para Camila que por obra do destino conseguiu passar por Lucy e diferente de todos que jogavam futsal, ela não tocou o cacete da bola, pelo contrário, se achou a mulher maravilha e avançou em minha direção.
Mordi meu lábio com força, olhei por cima dos ombros de Camila e vi uma Verônica furiosa me encarando. O jogo estava empatado e essa garota não iria marcar mais um gol com um erro meu. Camila continuou avançando em minha direção, chegando bem perto de mim, passou a perna direita em frente a bola pesada e logo a perna esquerda, para depois voltar para a direita, ela estava pedalando na minha frente, me esperando dar o bote e foi o que eu fiz, mas a menina habilidosa jogou a bola para o lado passando por mim, por reflexo vi que seu pé esquerdo, seu pé de apoio estava praticamente ao meu lado e eu não pensei duas vezes em por o meu pé em frente ao seu e dar uma rápida puxada nele, vendo-a perder totalmente o controle e cair de barriga no chão, só não foi mais trágico porque conseguiu por as mãos na frente dos seios, impedindo de ir com a cara ao chão duro da quadra.
Escutei um apito instantâneo, o professor Somerhalder se aproximou da quadra para marcar a falta e começar a dar alguns passos para marcar o local da barreira. Passei a mão em meu rosto tentando me acalmar, mas não adiantou muito porque logo senti meu corpo ser jogado para frente com força, mas não o suficiente para que eu caísse.
- Você ficou maluca, garota? - A voz de Camila ecoou pela quadra.
Fechei meus olhos com força e voltei a abrir antes de girar sobre os calcanhares e encará-la, logo levando outro empurram pelo meu colo.
- Eu não fiz nada, eu em! Você que não tem controle do seu corpo e fica caindo atoa. - Rebati sentindo o peso sair das minhas costas.
- Não fez nada? Vai se foder, você praticamente me jogou não chão.
- Você devia desistir de ser jogadora e virar atriz, você é boa nisso.
- E você deveria investir no boxe, porque futebol nunca vai ser seu futuro, idiota!
Senti meu corpo ser jogado para atrás de novo, mas dessa vez reagi, parti com tudo para cima dela, empurrei-a de volta e quando ela conseguiu vir de novo para mim e agarrar o meu ombro, alguém me puxo para atrás me agarrando pela cintura me impedindo de avançar em cima dela.
- As duas para o Chuveiro agora. - Concluiu o senhor Somerhalder
DIAS ATUAIS
Fui rapidamente até a lateral do campo, peguei uma garrafinha, enchi minha boca de água e depois cupi todo o conteúdo na grama a minha frente, joguei um pouco de água em minha nuca e entreguei a garrafinha a um dos homens da nossa equipe.
A bola estava com o time do Flamengo, a torcida deles cantavam sem parar, enquanto a nossa torcida não parecia muito feliz com o jogo. Olhei para Dinah que assentiu para mim, ela foi para cima de uma morena que vestia a camisa 11 do time deles, fazendo uma marcação pesada, a mulher não teve outra opção a não ser toca para a camisa 10.
Camila era a atacante principal do time deles, ela sempre foi de usar a camisa 10 e dessa vez não foi diferente, desde a época do futsal ela usava e não foi porque ela estava no campo que isso mudaria. O que é comum de se vê, uma atacante com a camisa 10, mas ela escondia um segredo por esse número que sempre tive a curiosidade de saber, mas nunca tive a oportunidade para isso.
A mulher avançou ganhando o nosso campo de defesa, passou pela nossa nossa volante, logo depois pela nossa lateral, que tentou apertar, mesmo não sendo uma ideia boa, já que ela não avançava pela lateral e sim pelo meio.
Fiquei cara a cara com Camila que me encarava intensamente, sem aquele sorriso bobo de menina sapeca, afinal, ela ainda tinha 19 anos, era uma menina ainda, né? Talvez.