O Primeiro Casal

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Depois que vi o primeiro clarão, quando era menino, senti uma brisa forte e um grande estrondo. Anos mais tarde, eu soube que era uma bomba nuclear que a Rússia tinha atirado nos norte-americanos e começado a guerra dos 7 dias, pois levaram 7 dias para destruir todo mundo e voltarmos ao neolítico. Realmente, quando acabaram com a tecnologia e com o mundo capitalista, tudo voltou ao que era na pré-história e aprendi tudo sozinho ou melhor, com minha família vagando entre cidades destruídas e sem fronteiras. Realmente, a existência não poderia haver nada além do que um conjunto de células.

Por falar em células, minha família graças a radioatividade, desenvolveram doenças horríveis e foram morrendo ao longo dos anos e algumas gangs de malucos (sempre chefiados por um ex-soldado maluco), a procura de agua e combustível para suas maquinas. O mundo ficou insano e as promessas que o capitalismo e o comunismo fizeram, não se cumpriram e a anarquia não oficial, se instalou. Acontece que essa anarquia foi gente insana que instalou, foi o pós-eclipse e a busca de poder de duas nações arrogantes e hipócritas, instalaram no mundo hoje. Meu pai me ensinou a ler tudo, li bastante livros de muitas línguas, pois, meu pai era professor e aprendi muito do mundo.

Mas agora não há mundo, não há civilização, não há qualquer meio tecnológico de comunicação, não há humanidade como conhecíamos e voltamos a ser, meros primatas. Primatas que tem consciência do mundo que estamos, mas não consciência do que temos de pior, nossa loucura por poder. O discurso do poder se estagnou em ódio e medo por uma coisa que nunca tinha existido, nunca extraterrestres pousaram aqui, nunca os norte-americanos pisaram na lua, nunca ninguém faria mal a uma civilização que o sustentava. Nem mesmo, existiam famílias governando o mundo, essa era a pior mentira que contaram e não, não eram reptilianos. Todos nós, somos e sempre seres humanos, demasiadamente, humanos. Ou melhor, o que restou de nós.

Mas estou aqui num deserto nuclear, cheio de carros destruídos ou navios que foram parar nas terras desérticas por causa dos maremotos causados pelas bombas nucleares. Mas não espere nada nesses restos de civilização conhecida, pois, só acharão restos mortais de uma era que nunca voltará, ou, nunca será igual do que era.

-- Tem comida?

-- Quem é você?

-- Sou mais uma perdida nesse deserto da destruição que nos condenaram!

Me viro e me deparo com pernas não masculinas com uma calça camuflada verde parecendo do exército. Olho mais acima e vejo um corpo não masculino, longo cabelos cacheados e um olhar profundo de uma pele branca e suave, apesar da pouca agua que temos nessas terras.

-- Não tenho comida, também estou procurando alguma coisa comestível nesse inferno que essas malditas nações nos enfiaram.

-- Qual seu nome, estranho?

-- Meu nome é Adamar e sou ou era do Sudeste do hemisfério sul! E você?

-- Eu me chamo Evelyn e também sou do Sudeste do hemisfério Sul. Minha família morreu por causa da radioatividade e só sobrou eu e minha irmã, mas ela morreu caindo em uma emboscada desses malucos, foi estuprada e morta e só encontrei o corpo quase nu. Dês de então, vago por essas terras a procura de agua e comida, e quem sabe, os malucos que fizeram isso com a minha irmã...

Olhava os olhos de Evelyn e via uma criatura melancólica, sofrida por uma realidade que forjou seu espirito nômade e ao mesmo tempo, cansado e com pouca esperança. Aliás, esperança era uma palavra nunca dita dentro de um mundo que viviam 7 bilhões de símios pensantes que evoluíram em uma notável civilização, mas que, acabou por pouquíssima coisa. Afinal, o poder poderia ser tudo para a humanidade? Refletimos bem, filosofamos bem, criamos outros mundos em letras para alertar, mas como sempre, a humanidade não quis ouvir ou ler. Preferiram adorar os governos e seus governantes, preferiram ser escravizados por religiões mercenárias que vendiam uma cura espiritual, ideologias que pregavam a igualdade, mas sempre quem não acreditava nelas, era excluído.

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