A ajudante

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"Sete horas e trinta minutos. Encontro-me diante de uma casa simples no interior do Estado. Estamos a cerca de quatrocentos quilômetros da capital. Para entrar nessa cidade tive que falsificar informações e documentos, pois o meu nome já corre entre os abutres do exército brasileiro. Estou sendo procurada por auxiliar os ufólogos em pesquisas. Eles querem esconder o que não se pode esconder mais. A comunidade ufológica não entende o porque desse silêncio sobre uma realidade tão gritante. Não percebem, mas a existência de alienígenas na terra e suas visitas têm aumentado consideravelmente. O motivo de me locomover até a Vila de São Sebastião é extenso. O que posso afirmar no momento é que estou em frente à casa em que o número telefônico foi encontrado na bina do Observatório Espacial B-002, de Alberto Cohen. Ao estabelecermos contato, uma mulher, com voz nervosa e fragilizada disse precisar de ajuda e fui destinada com a missão de auxiliá-la. Devo me alocar por aqui durante um período indeterminado para auxiliá-la e estudar os fenômenos. Vou estabelecer o primeiro contato com essa senhora agora. Ela se aproxima" -, Vanessa desliga o gravador.

"Desculpa fazê-la esperar. Estava precisando tomar esse banho. Maria José, prazer" -, disse a senhora abrindo o portão e se apresentando.

"Dra. Vanessa" -, cumprimentou Maria com um aperto de mão e erguendo o seu chapéu. "Podemos conversar lá dentro. Não é prudente sermos vistas juntas, o exército está policiando as ruas e não podemos ser vistas ainda sem entender o que acontece" -, adiantou Vanessa.

Maria José titubeou, mas acenou para que a mulher entrasse. Era tudo ou nada. Estava perdida. Não sabia em quem confiar. Fosse como fosse, essa mulher sabia da ligação que recebeu. Entraram.

Vanessa colocou o seu chapéu sobre um móvel próximo da entrada e foi observando a casa. Minuciosamente. "Nenhum arranhão na casa, nenhum sinal de invasão e o odor, pelo menos desse cômodo é de limpeza" -, comentou Vanessa.

Pensou em revelar Daniel no quarto, mas embargou. Ela não tinha nem alguns segundos de contato, como poderia já colocar o rapaz em risco. "Não compreendo isso de odores pela casa" -, jogou Maria José querendo desviar o foco sobre Daniel. Tinha medo de entrega-lo sem perceber, afinal, nunca fora de omissão e mentiras.

"Logo a senhora entenderá. Posso?" -, apontou a mesa. Maria acenou que sim com a cabeça. Vanessa abriu a bolsa e retirou uma série de papéis e fotografias e expôs sobre a mesa. Coma mão pediu para que Maria se aproximasse.

Maria olhou atentamente as fotos e ficou perplexa a cada foto e documento que lia. Estava diante de quem conhecia o que estava acontecendo.

"E agora? Revelar ou não Daniel para ela?" -, enfrentava esse dilema em sua mente.


*****

"A sorte é que estamos numa cidade pequena, Pastor. A promotoria deixou sob minha avaliação os cuidados dessa jovem. Por ser uma fiel de sua igreja, eu vou deixa-la em suas mãos porque sei do vosso caráter. Mas, por favor, tente auxiliá-la o quanto antes. Essa história é muito sem nexo e a promotoria vai ficar em cima do senhor" -, disse Amanda. "Eu sou assistente social e não deveria ser passional nas minhas escolhas, principalmente me deixando levar pela minha religiosidade, afinal o estado é laico".

"Siga o seu coração. Ela estará melhor aqui. É um caso além da normalidade. Ouça os burburinhos da cidade, Amanda. Se realmente for milagre ou coisa do outro mundo, não há ninguém mais preparado que um líder religioso. Seja Pastor ou Padre. Nós podemos acolher essa pobre criatura. E, não faço isso somente por mim. O padre me confiou os cuidados também. Estou atendendo um pedido da comunidade religiosa. Em breve ele chega para visita-la" -, explicou Isaías.

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