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EL DIEZ

O seu beijo é bom?


LAUREN JAUREGUI

Eu posso ser a pessoa mais idiota do mundo se tratando de Camila Cabello, mas se coloquem em meu lugar, ela não é apenas a minha ex-noiva, ela é a minha melhor amiga, minha amiga de infância, foi ela que acreditou em mim quando decidi jogar futebol e não seguir a carreira de medicina que meu pai tanto queria, ou a carreira de modelo que minha mãe sempre sonhou. Foi Camila que me deu o primeiro beijo de verdade, foi com ela que perdi minha virgindade, talvez eu dependesse dela para viver, mas não é a primeira vez que vacila comigo, sempre que se trata da carreira dela, Camila esconde de mim o seu futuro - que sempre julguei ser nosso - e isso me magoava demais.

Ela dizia que eu era o porto seguro dela, porque depois que resolvemos assumir para nos mesmas o nosso namoro, a latina entrou na linha, deixou a farra de lado, parou de frequentar as boates todos as noites, parou de encher a cara todos os dias e parou de dormir com uma mulher diferente a cada noite. Ela dizia que eu era o seu equilíbrio.

Por isso eu não poderia deixá-la se afundar nesse mundo novamente, precisava cuidar dela, precisava dela ao meu lado, por mais que isso pudesse doer em mim.

Aproveitei que minha ex-noiva tomava banho em nosso banheiro para finalmente deixar que meu corpo relaxasse em minha confortável cama. Estava ali de olhos fechados, sonhando acordada, durante uns trinta minutos quando a porta da suite se abriu fazendo um barulho normal de todos os dias, mas não fiz questão de abrir os olhos. Sabia que ela provavelmente estaria de toalha e não vou negar, a carne é fraca.

- Lo, onde estão minhas coisas?

- Estão no quarto de hospedes. - Permaneci de olhos fechados, mas podia jurar que ela estava se aproximando cada vez mais por conta do seu cheiro.

- Não estou entendendo.

Senti a cama se mexer ao meu lado, finalmente abri os olhos e me praguejei por isso, pois a mulher estava tão perto que quase desisti de tudo e a joguei na minha cama para fazê-la minha novamente, mas consegui ser forte e sentei na cama.

- Camila, você pode ficar aqui, mas esse quarto agora é meu.

- Entendi. - Ela se levantou me encarando. - Amanhã assim que eu acordar vou embora!

- Não! Aqui é nossa casa. - Me levantei, caminhei até ela e segurei seu rosto começando uma carícia. - Não quero que durma em um hotel, ou algo do tipo. É melhor você ficar aqui, na sua casa, mas... - Tirei a mão do rosto dela, senti minha garganta secar, respirei fundo buscando forças para continuar. - nós não vamos dormir juntas.

- Sinto tanta falta de uma mãe nessas horas, pelo menos eu teria um lugar para ir quando algo de estranho acontecesse entre nós.

Me senti uma merda quando ela falou aquilo. Camila havia perdido o pai a quase um ano, seu sonho sempre foi conhecer sua mãe, mas nunca soube nada sobre ela, seu pai parecia guardar um ódio enorme da mulher e sempre que a latina tocava no assunto, era motivo de briga. Quando eramos mais novas, eu sempre pedia permissão aos meus pais para que Camila dormisse em nossa casa, arrumava a desculpa de que precisava ajudá-la com um trabalho de escola.

Camila sempre teve orgulho de falar de sua família - sua avó que continua morando nos Estados Unidos - e de seu pai que faleceu. Sua avó uma vez me contou que quando eles moravam no México, Camila vivia naqueles campinhos abandonados de arreia jogando futebol com os meninos da "vila". A minha ex-mulher teve uma infância difícil, era bolsista no nosso colégio, foi o futebol que deu uma vida financeiramente melhor a ela e a toda sua filha.

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