Capítulo VII - Eddie: Portador

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Eu sentia muita dor, o corpo queimando de dentro para fora e uma grande pressão na cabeça que parecia prestes a explodir, percebi também uma ardência acima da orelha, levei a mão ao local e descobri que sangrava, um ferimento superficial.

Ainda estava confuso, os pensamentos desordenados, não sei ao certo quanto tempo passei assim mas, aos poucos, imagens do que havia acontecido foram resgatadas da memória,surgindo em flashes. Me lembrei de Phill e tentei entender o porquê dele ter atirado em mim. Estaria louco? De qualquer forma me senti aliviado por ele ter desviado o olhar antes do disparo, só aquilo poderia justificar o fato de ter errado um alvo imóvel daquela curta distância. E as mulheres, quem ou o que eram aquelas duas? Pareciam animais selvagens.

Tentei me levantar, mas escorreguei em um líquido viscoso que descobri ser sangue daquela que me atacou. Sentado, com fome e frio, senti algo estranho, aquela poça vermelha me pareceu agradável, seu calor me confortava. Olhei ao redor, vi os corpos espalhados, talvez Phill tivesse matado todos para que não restassem testemunhas do que havia feito com as duas, que apesar de estarem descontroladas, eram pessoas desarmadas.

Usando uma cadeira como apoio, consegui me erguer, as pernas tremendo sem força, pareciam pesar toneladas quando segui em direção ao telefone, contaria o ocorrido à polícia, tinham que entrar e encontrá-lo, outras pessoas poderiam estar correndo perigo. Não havia sinal, enquanto colocava o fone de volta ao gancho tive minha atenção chamada pelo forte odor que parecia emanar de toda a sala e me fez salivar, me apavorei ao perceber que vinha dos corpos, ampliando a sensação de fome, era algo quase sobrenatural, como se parte de meu cérebro me ordenasse a comer, então sem pensar direito no que fazia, me abaixei próximo ao corpo de Luiza, nunca em minha vida algo me pareceu tão suculento e apetitoso quanto sua carne.

Eu já tinha o braço da garota em minhas mão quando um ruído me despertou daquele macabro transe, vinha do armário, era Jameson, a raiva a ponto de explodir no peito ao lembrar de sua covardia, talvez com sua ajuda tivéssemos trancado as garotas lá fora e todos estivessem vivos. Este sentimento me fez perceber com horror o que estava prestes a fazer, me afastei do cadáver o mais rápido que podia nas condições em que me encontrava, era preciso me manter consciente, talvez o choque estivesse me deixando confuso foi o que tentei acreditar, mas ao me levantar, vi meu reflexo no monitor de um dos computadores, estava pálido e como as mulheres que nos agrediram, meus olhos estavam cheios de sangue.

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